sábado, 20 de abril de 2013

ATIVIDADE: Compreensão e interpretação do texto




Incorporando Madame Natasha1

Texto 1
Curso Madame Natasha
de piano e português
Madame Natasha tem horror a música. Ela zela pela luminosidade do idioma e deu mais uma de suas bolsas de estudo ao secretário de Energia do Rio de Janeiro, Wagner Granja Victer, pelo convite que fez circular no andar de cima, chamando as pessoas para a “assinatura do convênio de eficientização da iluminação pública do município de Petrópolis”.
Victer informa que já foram “eficientizados” 19.100 pontos de luz na cidade. A senhora está na acreditação de que se o secretariante tiver respeitamento pelo português, deve eficientizar as palavras que usa em suas comunicâncias.

Gaspari, Élio. Folha de São Paulo. 16 nov, 2003 p.A10

Texto 2
Madame Natasha
Madame Natasha tem horror a avião e adora o doutor Milton Zuanazzi, da Agência Nacional de Aviação Civil. Acredita que ele destruirá o tráfego aéreo.
Outro dia, Zuanazzi garantiu que não havia crise no pedaço. Depois, defendeu-se dizendo que "pegaram a questão semântica". (Sua ligeireza ajudou a levar um voto de ministro do Supremo para a criação da CPI do Apagão.)
Em dezembro, Zuanazzi responsabilizou a imprensa por um "terrorismo gráfico e televisivo". Queixou-se de um "paradoxo ético" em "tempos díspares". Disse mais: "Quanto mais ampliamos as nossas comunicações, as redes mundiais e as liberdades que damos a elas, maiores são os pré-julgamentos e as estereotipagens".
Natasha acredita que ele quis dizer o seguinte: "Quando o governo informa que o problema foi resolvido, acabou-se a conversa"

Gaspari, Élio. O Povo (online).14 abr.2007.
http://opovo.uol.com.br/opovo/colunas/eliogaspari/686796.html


Texto 3
Madame Natasha
Madame Natasha aprendeu a gostar de índios lendo textos do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro. Ela acredita que seu mestre de indiologia merece uma de suas bolsas de estudo, por conta de um trecho extraído de um livro que publicará no ano que vem, intitulado “Isso não é tudo: Lévi-Strauss e a mitotogia ameríndia”. Explicando o alcance da frase “isso não é tudo”, do professor francês, ele escreveu: “Ela aponta para o inacabamento da análise estrutural, sugere as razões desse inacabamento: a fractalidade e rizomaticidade de todo objeto determinado pelo método estrutural”.
Natasha tentou saber o que ele quis dizer e ensinaram-lhe que a ideia de “fractalidade” tem a ver com “padrões escalares autossimilares que podem emergir de sistemas caóticos”.
Madame desistiu. Esse dialeto só é falado pela tribo dos filósofos da Alta Sorbonne.

Gaspari, Élio. O Globo (online).  08 nov. 2009.
https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2009/11/8/madame-natasha/

Sugestões de respostas:
  1. Quem é Madame Natasha?
  2. Qual o principal objetivo dela?
  3. Que estratégias ela usa para atingir esse objetivo?
Resposta: Madame Natasha é uma personagem criada pelo jornalista Élio Gaspari com a finalidade de ridicularizar a linguagem usada por autoridades da vida pública brasileira, que, segundo o jornalista, atropelam a comunicação. E para ridicularizar essa linguagem, ela se utiliza da ironia para com sua própria linguagem. De modo debochado, Mdme Natasha mostra como a linguagem utilizada pelas autoridades brasileiras só serve para dificultar o processo de comunicação.

4.      Por que ela critica os termos “eficientização” e “eficientizados” no texto 1?

Resposta: Porque, segundo ela, o secretário poderia ter sido mais eficiente na comunicação e não foi. Ele poderia ter dado a mesma informação de forma mais simples e direta, ao invés de usar os dois termos. Portanto, nesse caso, a fala de Wagner Granja Victer não foi nada eficiente em termos de comunicação.

5.      Por que são usadas palavras como “acreditação”, “secretariante”, “respeitamento” “eficientizar” e “comunicâncias” no final do texto? Que sentido elas provocam?

Resposta: O jornalista encerra o seu texto com uma redação sarcástica, irônica, apropriada ao contexto de sua crítica. Assim, ele mostra que a linguagem que utilizam as autoridades brasileiras, acabam dificultando a comunicação.

6.      O que você acha que ela quis dizer com essa última frase. Faça sua “tradução”.

Resposta:Ela quis dizer, com tom de deboche, que se o secretário Wagner Granja Victer tiver respeito ao português e souber fazer um bom uso da língua, ele deve utilizar um vocabulário que facilite a comunicação. Tradução: A senhora acredita que se Victer souber fazer um bom uso da língua, ele deve simplificar ao máximo os seus discursos de forma a facilitar a comunicação.

7.      Existem, nesses textos, informações aparentemente contraditórias. Aponte-as e explique com que finalidade elas foram usadas nos textos.

Resposta: Pode-se verificar essas contradições em informações do tipo: Mme Natasha oferece curso de piano mas tem horror a música; “Mme Natasha tem horror a avião e adora o doutor Milton Zuanazzi, da Agência Nacional de Aviação Civil.”. Elas foram usadas para explicitar as ironias que existem por trás das críticas propostas por Élio Gaspari, com a criação da personagem Mme Natasha.

8.      O que você entendeu da seguinte frase:"Madame desistiu. Esse dialeto só é falado pela tribo dos filósofos da Alta Sorbonne."?
Resposta:Aqui Mme Natasha critica a fala de algumas pessoas da academia que rebuscam e retorcem a fala, fazendo com que o que foi dito não fique muito claro, ou seja compreendido apenas pelas pessoas que têm familiaridade com a teoria que está sendo discutida.
9.      Procure em jornais, revistas, livros ou internet trechos que você acha que Mme Natasha iria gostar de analisar. Mostre para seus colegas e diga o que você acredita que o autor quis dizer.

Resposta:O(a) próprio(a) professor(a) pode levar jornais e revistas para que os alunos procurem, ou então eles mesmos podem fazer essa pesquisa na biblioteca da escola.






 Essa atividade foi inspirada em uma questão da Prova de Língua Portuguesa da segunda etapa do vestibular de 2004 da Universidade Federal de Goiás. Disponível em http://www.vestibular.ufg.br/ps2004/ETAPA2_LinguaPortuguesa_TODOS_OS_GRUPOS.pdf


                                                                                                                                                      Fonte:  Material produzido por 
Daiane Evelyn P. Marquis e Carla Viana Coscarelli

                                                                                                                                                                  Projeto Redigir / FALE / UFMG

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