Incorporando
Madame Natasha1
Texto
1
Curso Madame Natasha
de piano e português
Madame
Natasha tem horror a música. Ela zela pela luminosidade do idioma e deu mais
uma de suas bolsas de estudo ao secretário de Energia do Rio de Janeiro,
Wagner Granja
Victer, pelo convite que fez circular no andar de cima, chamando as pessoas
para a “assinatura
do convênio de eficientização da iluminação pública do município de Petrópolis”.
Victer
informa que já foram “eficientizados” 19.100 pontos de luz na cidade. A
senhora está na acreditação de que se o secretariante tiver respeitamento
pelo português,
deve eficientizar as palavras que usa em suas comunicâncias.
Gaspari, Élio. Folha de São Paulo.
16 nov, 2003 p.A10
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Texto
2
Madame Natasha
Madame
Natasha tem horror a avião e adora o doutor Milton Zuanazzi, da Agência
Nacional de Aviação Civil. Acredita que ele destruirá o tráfego aéreo.
Outro dia,
Zuanazzi garantiu que não havia crise no pedaço. Depois, defendeu-se dizendo
que "pegaram a questão semântica". (Sua ligeireza ajudou a levar um
voto de ministro do Supremo para a criação da CPI do Apagão.)
Em
dezembro, Zuanazzi responsabilizou a imprensa por um "terrorismo gráfico
e televisivo". Queixou-se de um "paradoxo ético" em
"tempos díspares". Disse mais: "Quanto mais ampliamos as
nossas comunicações, as redes mundiais e as liberdades que damos a elas,
maiores são os pré-julgamentos e as estereotipagens".
Natasha acredita que ele quis dizer o seguinte: "Quando o governo informa que o problema foi resolvido, acabou-se a conversa"
Gaspari, Élio.
O Povo (online).14 abr.2007.
http://opovo.uol.com.br/opovo/colunas/eliogaspari/686796.html
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Texto
3
Madame
Natasha
Madame Natasha
aprendeu a gostar de índios lendo textos do antropólogo Eduardo Viveiros de
Castro. Ela acredita que seu mestre de indiologia merece uma de suas bolsas
de estudo, por conta de um trecho extraído de um livro que publicará no ano
que vem, intitulado “Isso não é tudo: Lévi-Strauss e a mitotogia ameríndia”.
Explicando o alcance da frase “isso não é tudo”, do professor francês, ele
escreveu: “Ela aponta para o inacabamento da análise estrutural, sugere as
razões desse inacabamento: a fractalidade e rizomaticidade de todo objeto
determinado pelo método estrutural”.
Natasha
tentou saber o que ele quis dizer e ensinaram-lhe que a ideia de “fractalidade”
tem a ver com “padrões escalares autossimilares que podem emergir de sistemas
caóticos”.
Madame desistiu. Esse dialeto só é
falado pela tribo dos filósofos da Alta Sorbonne.
Gaspari,
Élio. O Globo (online). 08 nov. 2009.
https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2009/11/8/madame-natasha/
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Sugestões de respostas:
- Quem é Madame Natasha?
- Qual o principal objetivo dela?
- Que estratégias ela usa para atingir esse objetivo?
Resposta: Madame Natasha é uma personagem
criada pelo jornalista Élio Gaspari com a finalidade de ridicularizar a
linguagem usada por autoridades da vida pública brasileira, que, segundo o
jornalista, atropelam a comunicação. E para ridicularizar essa linguagem, ela
se utiliza da ironia para com sua própria linguagem. De modo debochado, Mdme Natasha
mostra como a linguagem utilizada pelas autoridades brasileiras só serve para
dificultar o processo de comunicação.
4.
Por
que ela critica os termos “eficientização” e “eficientizados” no texto 1?
Resposta: Porque,
segundo ela, o secretário poderia ter sido mais eficiente na comunicação e não
foi. Ele poderia ter dado a mesma informação de forma mais simples e direta, ao
invés de usar os dois termos. Portanto, nesse caso, a fala de Wagner Granja
Victer não foi nada eficiente em termos de comunicação.
5.
Por
que são usadas palavras como “acreditação”, “secretariante”, “respeitamento” “eficientizar”
e “comunicâncias” no final do texto? Que sentido elas provocam?
Resposta: O jornalista encerra o seu
texto com uma redação sarcástica, irônica, apropriada ao contexto de sua crítica.
Assim, ele mostra que a linguagem que utilizam as autoridades brasileiras,
acabam dificultando a comunicação.
6.
O
que você acha que ela quis dizer com essa última frase. Faça sua “tradução”.
Resposta:Ela quis dizer, com tom de
deboche, que se o secretário Wagner Granja
Victer tiver respeito ao português e souber fazer um bom uso da língua, ele
deve utilizar um vocabulário que facilite a comunicação. Tradução: A senhora acredita
que se Victer souber fazer um bom uso da língua, ele deve simplificar ao máximo
os seus discursos de forma a facilitar a comunicação.
7.
Existem, nesses textos, informações aparentemente contraditórias.
Aponte-as e explique com que finalidade elas foram usadas nos textos.
Resposta: Pode-se verificar
essas contradições em informações do tipo: Mme Natasha oferece curso de piano
mas tem horror a música; “Mme Natasha
tem horror a avião e adora o doutor Milton Zuanazzi, da Agência Nacional de
Aviação Civil.”. Elas foram usadas para explicitar as ironias que existem por
trás das críticas propostas por Élio Gaspari, com a criação da personagem Mme
Natasha.
8.
O que você entendeu da seguinte frase:"Madame desistiu. Esse
dialeto só é falado pela tribo dos filósofos da Alta Sorbonne."?
Resposta:Aqui Mme Natasha critica a fala
de algumas pessoas da academia que rebuscam e retorcem a fala, fazendo com que
o que foi dito não fique muito claro, ou seja compreendido apenas pelas pessoas
que têm familiaridade com a teoria que está sendo discutida.
9.
Procure
em jornais, revistas, livros ou internet trechos que você acha que Mme Natasha
iria gostar de analisar. Mostre para seus colegas e diga o que você acredita
que o autor quis dizer.
Resposta:O(a) próprio(a) professor(a)
pode levar jornais e revistas para que os alunos procurem, ou então eles mesmos
podem fazer essa pesquisa na biblioteca da escola.
Essa atividade foi inspirada em
uma questão da Prova de Língua Portuguesa da segunda etapa do vestibular de
2004 da Universidade Federal de Goiás. Disponível em
http://www.vestibular.ufg.br/ps2004/ETAPA2_LinguaPortuguesa_TODOS_OS_GRUPOS.pdf
Fonte: Material
produzido por
Daiane Evelyn P. Marquis e
Carla Viana Coscarelli
Projeto Redigir / FALE / UFMG
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